Afra Balazina - O Estado de S.Paulo
Mais de 20,8 mil hectares de Mata Atlântica - o equivalente a 130 Parques do Ibirapuera - foram desmatados entre 2008 e 2010 no Brasil. Desta vez, o bioma que já perdeu cerca de 93% de sua área original foi mais maltratado em Minas Gerais. O Estado liderou com folga o ranking dos maiores destruidores da floresta, com 12,5 mil hectares cortados. A transformação da mata em carvão para abastecer a siderurgia é apontada como uma das causas para o alto desmatamento em Minas. Na sequência, aparecem no ranking o Paraná (2,6 mil hectares perdidos) e Santa Catarina (2,1 mil hectares).
Os dados são da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram detectados desmatamentos maiores que 3 hectares e analisados 9 dos 17 Estados que possuem Mata Atlântica. Não foi possível observar o Nordeste em razão da grande cobertura de nuvens que atrapalhou a visualização das imagens do satélite Landsat 5.
Segundo Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, as denúncias sobre a origem do carvão têm se repetido, mas não se observa "a presença do poder público nesses lugares". "Não existe fiscalização efetiva. E há grandes empresas que dizem ter responsabilidade social, mas que não sabem a origem dos produtos que compram", afirma.
Outra preocupação com Minas é um projeto de lei que pretende tirar a proteção das matas secas (com árvores que perdem suas folhas durante a estação seca), consideradas Mata Atlântica. Isso pode acelerar a devastação. A proposta foi aprovada em primeiro turno e aguarda a segunda votação. "Consideramos o projeto inconstitucional e esperamos que o governador não sancione", diz Aline Cardoso, assessora jurídica da Associação Mineira de Defesa do Ambiente.
O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) de Minas destaca que o Estado possui a maior área remanescente de Mata Atlântica. E ressalta que "o número de municípios mineiros que desmatou o bioma caiu de 405, no período de 2005/2008, para 159 no último levantamento".
O Instituto Aço Brasil (AIBr) afirma que, até 2012, 100% do carvão vegetal usado pela indústria do aço será proveniente de florestas plantadas.
Longe da meta. Foi observada queda de 21% na taxa média anual de desmate da Mata Atlântica se comparado com o período anterior do estudo, de 2005 a 2008. O dado, porém, não é animador. O País se comprometeu na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) a zerar o desmate no bioma até este ano, o que está longe de acontecer.
E, para Márcia Hirota, coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, a queda da taxa não ocorreu em todos os Estados. Minas teve aumento de 15% e o Rio Grande do Sul, de 83%. Neste, não foi identificada a causa da transformação da floresta, o que será investigado a partir de agora. Os desmates foram observados na região serrana.
Também no Sul, Santa Catarina tem sido observado de perto após aprovar em 2009 lei que afrouxou as regras ambientais - permitindo a redução da faixa de preservação ao longo de rios. O Estado diminuiu a taxa anual de desmatamento em 75% em relação ao período anterior, mas ainda continua em terceiro no ranking dos maiores desmatadores.
Para Márcia, as chuvas e acidentes naturais que atingiram Santa Catarina podem ter contribuído para frear a economia e, com isso, o desmatamento. "Estamos dando uma boa notícia para Santa Catarina. O governo agora precisa aprender com isso e mostrar que é possível proteger a Mata Atlântica", afirma Mantovani.
Amigo João,
ResponderExcluirinfelizmente essa destruição,do que ainda resta da nossa mata atlântica,continua,sem que as autoridades façam nada para inpedir...
Aqui,mesmo em João Pessoa,vemos áreas de mata atlântica sendo derrubadaa, para à construção de grandes empreendimentos imobiliários,e as autoridades se fazem de segas...
Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.