sábado, 1 de abril de 2017

1º ENCONTRO DE MELIPONICULTURA DE PEDRA AZUL

No último dia 12, a AM-ES promoveu em parceria com o Instituto Canal, o seu  encontro na localidade de São Paulinho, Pedra Azul,

Tendo a Uruçu capixaba como principal tema, o encontro contou com participantes de diferentes municípios.

Thiago Branco tratou do tema Meliponicultura e Ecologia, onde abordou não só o retorno positivo da meliponicultura para ecologia, como discorreu sobre as responsabilidades dos criadores com o  meio ambiente.

Meliponicultura e Ecologia - Thiago Branco

Thiago defendeu que os criadores devem estar atentos, procurando serem  mantenedores apenas de espécies de ocorrência natural nos ambientes de seus meliponarios. Ele ressalta, que fica muito preocupado com a criação da espécie Melipona scutellaris (uruçu nordestina) no Espírito Santo, principalmente em regiões próximas dos locais mais indicados para a abelha capixaba,ou seja, nos locais com altitudes a partir de 600 metros.  A preocupação vem do fato de haver registro de casos de hibridismo entre as espécies.

E ele tem razão -  as duas espécies são irmãs, - existindo poucas diferenças genéticas entre elas. Os machos da uruçu nordestina são capazes de fecundar a rainha da uruçu capixaba, gerando híbridos férteis.

Participantes acompanhando a apresentação do Thiago Branco

Judismar Barbosa, o Júlio, falou sobre caixas racionais e alguns de seus diferentes modelos. Sugeriu a utilidade de ser procurar aqui, decidir um padrão, que pode ser caixa modelo Fernando de Oliveira (INPA), com os criadores de capixabas utilizando as mesmas medidas, para facilitar o intercambio de genética entre os criadores.

Julio explicou ainda, a teoria do processo de divisão nesse modelo, e aspectos gerais dos manejos,

Representando o Instituto O Canal, Sandro Firmino falou que o surgimento da AME-ES, foi fator decisivo para que ele e O Canal passarem a militar a favor da meliponicultura. Sandro falou sobre  Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN. Na oportunidade, explicou que o o Instituto O Canal está se preparando para registrar uma em Pedra Azul, e que vai juntamente com a AME-ES, trabalhar a meliponicultura no local, que pretende que seja um santuário onde as espécies nativas estejam protegidas.

Eu fiquei encarregado de falar sobre a Melipona capixaba, como matrimonio ambiental e também cultural do Espírito Santo - já que a criação da uruçu preta ocorre a muitas gerações.

Na oportunidade comentei que a nossa uruçu está ameaçada pelo fato  da área de ocorrência natural identificada até o momento ser bastante limitada, em torno de 3450 km ². Somando-se a isso, o fato de ter ocorrido nos últimos anos uma redução dos ninhos naturais, e a presença perigosa da uruçu nordestina, a espécie passa o correr mais riscos, estando em situação de perigo mais efetivo.

Embora esteja havendo um progressivo aumento na quantidade de colonias de capixabas em meliponarios, o risco da espécie permanece, já que dentro dos critérios científicos atuais, considera-se apenas a ocorrência natural, quando se avalia a situação de risco de uma espécie.

A legislação castradora acaba por se tornar um um problema para a melhoria da situação, uma vez que, enquanto ajudaria bastante um comércio efetivo dentro de uma área estratégica (regiões do ES com altitude acima de 600 metros), a legislação ambiental, engessa este avanço ao proibir o comércio de animais na lista.

A Melipona capixaba foi tema em Pedra Azul
 A preservação dessa espécie, que deve ser melhor conhecida pelos capixabas, deve passar pelo estabelecimento de um plano de ações bem montado, atuando em diversas frentes:
- Trabalho de conscientização para evitar a retirada ou morte de ninhos naturais;
- Formação continuada dos meliponicultores;
- Não retirada da área de ocorrência;  
- Ampliação da área de ocorrência, permitindo e incentivando a criação em todo o Estado do Espírito   Santo, desde que em locais com altitudes a partir de 600 metros;
- Adequação da legislação, com concessão de licenciamento ambiental simplificado;
Permissão de transporte dentro da região de montanhas;
- Melhoria da genética com migração das colonias dentro da área estratégica;
- Estabelecer um percentual de colonias de criadores que devem ficar sem manejo, a não ser  de      manutenção para enxameamentos para a natureza;
- Não criação da espécie da uruçu nordestina no Estado do Espírito Santo.



É dentro deste contexto que o Instituto o Canal e a AME-ES, lançaram neste dia a pedra fundamental de um criatório junto da área que será transformada em RPPN. Este meliponario ficará a disposição dos associados da AME - ES que pretendem criar a uruçu capixaba com fins preservacionistas, mas ainda não podem,  por não terem acesso a um espaço propício.

A intensão é que colonias dos mais diferentes locais fiquem concentradas nesse espaço, o que irá proporcionar troca de genéticas entre elas, e também, com as que já existem naturalmente no local.

Ocupando uma área total de 49 mil metros, no centro da área de ocorrência da espécie, o meliponario e a RPPN estarão próximos ao Parque da Fonte Grande e da bela Pedra Azul. Local. Perfeito para a meliponicultura, tanto que, bem próximo estão presentes 03 ninhos naturais da espécie melipona mandaçaia, que os participantes puderam conhecer. Um destes ninhos está em risco, pois a árvore está morta. Vem sendo monitorado e na próxima primavera será transferido para uma caixa.

E foi onde está sendo instalado o meliponario  coletivo da  AME - ES que aconteceu a parte teórica do I Encontro, com oficinas de divisão de mandaçaia e uruçu capixaba.

Divisão de Uruçu Capixaba - André e Ozenio
Associados conhecendo a área do meliponario coletivo e futura RPPN

Oficinas de Divisão 

Acesso ao meliponario e futura RPPN - Rogério, Adriana, João

Divisão de Uruçu Capixaba - André e Thiago

Thiago Branco, Caio e Sandro Firmino (fundo)
O meliponario será gerido pela AME-ES e Instituto o O Canal

Postagem de João Luiz T. Santos 





   



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