Num certo domingo de verão…
17/04/2013 in na cozinha | Tags: frutos da terra, mel, meliponídeos, Saint Peter, tilápia
Num certo domingo destes um tanto
quanto ensolarado, havia sido convidado por um amigo a conhecer algo que, de
outras formas, talvez tivesse deixado de lado: conhecer uma tal de “abelha sem
ferrão”!
Mas como? Isso existe? Sempre soube da
dor incrível provocado pelos ferrões dessas doces criaturas!
É, e para isso fui dar uma
“pesquisadinha básica” com meu amigo americano. Eis o que ele me falou sobre
elas: Os meliponídeos, como são chamadas as espécies da tribo Meliponini, são
abelhas sociais encontradas tipicamente nas regiões tropicais e subtropicais do
planeta, e são caracterizadas por apresentarem um ferrão atrofiado que não
serve para defesa; daí a designação sem ferrão. Os estudos científicos sobre
essas abelhas são recentes e pouco desenvolvidos, ao contrário das Apis.
Inclusive há controvérsias sobre como classificá-las zoologicamente.
No esquema da página 2 vê-se uma das
classificações adotadas. A SUPERFAMÍLIA Meliponinae é dividida em três TRIBOS:
Trigonini, Meliponini, Lestrimellitini. Das Lestrimellitini, grupo de abelhas
sociais parasitas, foi estudado o suficiente.
Nada complicado. E nada conclusivo
assim. Então, só indo olhar isso de perto.
Marcamos um encontro e ele me pegou
no caminho da Floresta da Tijuca. Pronto, lá vem esse louco pensando que vou
ficar caminhando no meio da floresta com toda essa minha adiposidade quase toda
sedentária? A conversa rolou animada no carro.
Procurar vaga num domingo ensolarado
na Floresta da Tijuca não é tarefa para qualquer um: MUITA gente vai pra lá,
queimar uma carninha à sombra das árvores…
Logo chegamos a um lugar que eu
poderia chamar de vila de abelhas, com suas casinhas (pode ser?) bem
arrumadinhas e enfileiradas seguindo uma calçadinha para o pessoal
(principalmente as crianças) poderem chegar perto.
O entra e sai delas denota a
constante movimentação na produção daquele líquido divino.
Eis que toda uma parafernália de
engrenagens e vidros, vasilhas, canos e bombinhas já estavam sendo manipuladas
para a extração do dia. Um pote com aproximadamente 200ml daquele ouro. Um
gosto suave, distante daquele sabor muito açucarado das que já povoam nossas
papilas gustativas por tempos. Um toque levemente ácido, mas saboroso,
instigante.
Provei. Gostei e recebi uma
incumbência: preparar um prato com ele para que pudesse servir de estímulo para
outros apreciadores destas maravilhas que só a mãe Natureza pode nos dar na
boca.
Mas, antes de voltarmos para casa,
ainda fizemos a troca de casas de uma família delas. Era preciso o
remanejamento para manter a família integra. Feito isto, voltar para casa com a
cabeça fervilhando.
Bem, o tempo foi passando e eu
precisava concluir esse trabalho…
Ai, fui levado pela vida a comer,
novamente, filé de tilápia chamada de Saint Peter. Avesso aos pescados
produzidos em cativeiro, mas curioso de revisitar esse sabor que um dia havia
me apaixonado ao experimentá-lo no restaurante do Boliviano-Amigo Checho
Gonzales, lá fui eu para as caçarolas ou, como queiram, às frigideiras.
A manteiga de ervas tinha apenas
salsinha e alecrim, finamente picadas e secas para “dar a graça” de umas
pintinhas verdes no amarelo dela. Um dedinho de óleo de olivas serviu de fundo
para aquele belo filé com a marca escura dos caminhos da sua espinha central.
Quieto ali, ficou dourando. Virado para complementar o bronzeamento, um fino
fio do ouro líquido colhido na Floresta caiu sobre o filé, de forma que ele
caísse na frigideira e complementasse o trabalho.
Um creme de frutos da terra (batata
“inglesa” e doce) cozidas com casca e no vapor, foram passadas em peneira de
malha fina e adicionada uma pequena porção de manteiga sem sal.
Sobre o creme, folhas de espinafre ao
vapor serviam de base para o peixe. Azeite denso português e flor de sal
completaram.
Simples assim. Delicioso assim.
Simples assim. Delicioso assim.
Vais fazer?
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