Apicultores da região central de São Paulo acreditam que a pulverização das lavouras vizinhas às colmeias, com agrotóxicos, está provocando a morte de milhares de abelhas. Um grupo de pesquisadores de duas universidades estuda o problema.
Ao abrir a colmeia surge a pior imagem que um apicultor pode esperar. As abelhas estão mortas. As poucas que escaparam estão fracas e não têm muitos dias de vida. Os favos de mel não podem ser aproveitados.
Só sobrou uma das 15 colmeias do criador Lucival Ferreira. “O enxame inteiro está morto, desde a rainha até as operárias. Tudo ao ponto de você apanhá-las com um punhado como se fossem folhas caídas ao chão”, contou.
Vinte apicultores de Leme sofrem com a situação. Um deles perdeu 150 colmeias. O problema está sendo analisado por um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista e da Universidade Federal de São Carlos, que estada as consequências dos pesticidas nas abelhas.
Os pesquisadores já fizeram testes com 15 inseticidas e descobriram que quando toda a colmeia aparece morta é grande a chance de a causa ser uma contaminação. A pulverização aérea está agravando o problema.
“Antes, como não tínhamos essas aplicações, a incidência era menor. Mas, ultimamente, principalmente na laranja, aplicações de controle de laranja têm sido feitas por avião”, explicou Osmar Malaspina, biólogo da Unesp.
Em Tambaú, milhares de abelhas morreram na criação de 25 anos do apicultor Tadeu e 31 colmeias tiveram de ser descartadas. Ele guardou parte do material e encaminhou para análise.
Quando a abelha recebe o veneno de forma direta a morte é quase certa. Em doses menores, a capacidade de aprendizagem do inseto fica comprometida.
“Não conseguem mais ter a orientação de sair da colmeia, ir ao campo e retornar nós temos perda dessas abelhas no campo. As larvas podem sofrer alterações e vão, é claro, contaminar os produtos das abelhas, principalmente o mel, o pólen e o própolis”, alertou Roberta Nocelli, bióloga do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos.
De acordo com a bióloga Renata Nocelli, ainda não foi feito nenhum estudo sobre os efeitos do consumo dos produtos contaminados em seres humanos.
Autor: Globo Rural
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