sexta-feira, 23 de março de 2012

Técnica produz in vitro abelhas rainhas da espécie jataí

Agência USP de Notícias - - MEIO AMBIENTE - 22/03/2012 - 19:51:59

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Pesquisador observou condições naturais das colônias para reproduzí-las em laboratório
Na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, um estudo inédito sobre o comportamento das abelhas Tetragonisca angustula propiciou a reprodução in vitro da espécie a fim de multiplicar suas colônias.
Como explica o biólogo Mauro Prato, grande parte dos alimentos do tipo hortifruti que o homem consome vem de plantas polinizadas por abelhas. Assim, a manipulação das colônias pode ter grande influência para a produção de alimentos.
A pesquisa Ocorrência natural de sexuados, produção in vitro de rainhas e multiplicação de colônias em Tetragonisca angustula (HymenopteraApidaeMeliponini) foi dividida em três etapas: o monitoramento do que acontece dentro da colônia (para entender a reprodução natural das abelhas rainhas e com que frequência elas e os machos são produzidos); a produção in vitro das rainhas (possível por causa dessa observação prévia) e a multiplicação da colônia. A espécie utilizada, conhecida como jataí, é nativa do Brasil e não possui ferrão. Prato enfatiza que o estudo também pode servir para a maioria das outras abelhas do tipo. O orientador da pesquisa foi o professor Ademílson Espencer Egea Soares.
Observando a Tetragonisca angustula em condições naturais, o biólogo constatou que o que determina qual larva vai virar uma abelha rainha ou uma operária é a quantidade de alimento oferecido a ela. Algumas das células presentes nos favos são maiores do que as outras, e se uma célula é maior, vai receber mais alimento. Desta célula, emerge uma rainha. Nesta observação do processo natural, Prato coletou o alimento produzido pela própria colônia que seria utilizado para a produção da rainha, além de larvas em seu período inicial de desenvolvimento. Em laboratório, reproduziu artificialmente as células reais, com tamanho exatamente igual às encontradas na natureza, e ofereceu a elas o alimento retirado da natureza (55 microlitro de alimento para cada célula, também um número exatamente igual ao observado). Este processo, que ocorre dentro de uma estufa, é a produção in vitro de rainhas. “Fizemos em laboratório o que as operárias fazem dentro da colônia”, conta. Este processo aumenta o número de rainhas, que, na natureza é considerado baixo. “Mas não é que seja realmente baixo, é o suficiente para as abelhas se multiplicarem. Porém, para o produtor, em grande escala, esse número não é o suficiente, o que mostra a utilidade deste processo”, acrescenta o biólogo.
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Produção in vitro de rainhas: larvas em desenvolvimento
Depois do nascimento das rainhas, é feita a multiplicação das colônias. O processo se dá por meio da retirada de material (como favos de cria, abelhas operárias jovens e alimentos) de um dos ninhos de um meliponário (o local aonde se criam as colônias). Foram formadas várias minicolônias e em cada uma introduziu-se uma rainha produzida em laboratório para ser fecundada por um macho. Por causa disso, o pesquisador também fez uma observação prévia da produção de machos para poder sincronizar a sua produção com a fecundação das abelhas. As minicolônias eram levadas para um ambiente externo para a fecundação com os machos e, ao fim desta etapa, o processo estava completo e a nova colônia estava formada.
Dificuldades
O processo descrito é um dos primeiros do tipo feito no País, e encontrou algumas dificuldades no começo de sua operação. Etapas como a transferência das larvas do ambiente natural para laboratório apresentaram obstáculos devido à grande mortalidade dessas larvas, que acabavam sendo feridas pelo estilete que conduzia o processo. Na outra transferência, que leva as minicolônias já prontas para o ambiente aberto, também houve muitas baixas. Fora isso, muitas das rainhas que saíram para o vôo nupcial (para serem fecundadas) não retornaram.
Houve também rejeição por parte das operárias em algumas rainhas. Pelo fato destas terem sido produzidas em laboratório, elas não possuíam o cheiro da colônia, o que fazia com que as operárias não as tratassem como rainhas, chegando a matá-las. Para contornar este processo, o pesquisador passou a manter a rainha presa dentro da colônia antes de liberá-la, para que pudesse se proteger das operárias e pegar o cheiro do ambiente.
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Na foto, uma colônia grande e natural ao lado de duas mini colônias
Custo
A ferramenta desenvolvida pelo pesquisador é voltada ao produtor, que pode passar a oferecer muitas colônias para o serviço de polinização de algum cultivo. “A ocorrência de abelhas aumenta a qualidade e a eficiência da polinização, pode render frutos maiores, etc”. O que poderia ser um problema é o custo da técnica, já que ela é experimental. Mas, segundo Prato, isso não é um motivo para preocupação. O pesquisador conta que a técnica em si é muito barata e não exige equipamentos sofisticados (o equipamento mais sofisticado utilizado foi a estufa, para manter as larvas em desenvolvimento), o que a torna acessível inclusive para o pequeno produtor.
O trabalho do biólogo recebeu o prêmio Prêmio Dow-USP de Inovação em Sustentabilidade, porque tem sua técnica apoiada nos quatro pilares da sustentabilidade: ecologia, já que os ninhos podem ser conseguidos na natureza sem causar impacto negativo na população selvagem e sem gerar resíduo poluente; sustentabilidade econômica, pela capacidade de gerar renda e independência econômica ao produtor; sustentabilidade social, pois pode ser praticada por grupos, como as cooperativas; e a sustentabilidade cultural, pois as abelhas são nativas, elas “são uma criação que faz parte da história das populações nativas da América do Sul e Central”, completa.

domingo, 18 de março de 2012

Livro: "AS AMIGAS MIÚDAS QUE FAZEM MEL SEM FERROAR"


O meliponicultor Mario Tessari de Jaguaruna -SC publicou recentemente um livro infantil tendo as abelhas nativas como tema.

As Amigas Miúdas Que Fazem Mel Sem Ferroar, conta a história de Asefe, um menino diferente da maioria das crianças da atualidade. Ao contrário dos amigos  não é  alucinado pela tecnologia mas é muito vidrado na natureza, em especial os bichos pequenos que vivem livres. Ao invés de ficar horas no computador envolvido em jogos, o que gosta mesmo é  de pesquisar sobre as pequenas criaturas da natureza.

Foi com muita alegria que o pequeno Asefe recebeu da mãe a notícia de que iria passar um feriado no sítio do avô pois lá  poderia ficar observando os insetos.

Foi neste passeio que surgiu a paixão do menino pelas abelhas nativas. Ao perceber a fascinação do neto pelas abelhas jataí, o Vozé prometeu leva-lo para conhecer um velho barbudo que vive  próximo a uma floresta criando diferentes espécies de abelhas nativas.

É contando as aventuras melipônicas do Asefe na residência do antigo criador que Tessari de forma leve e não cansativa, vai passando  para os leitores informações sobre a abelhas sem ferrão.

É um livro que tende a agradar as crianças pois além de agradável leitura, as ilustrações de Douglas Silva e Maria Elisabeth Ghisi possibilitam a  participação ativa dos pequenos leitores colorindo.

Ao terminar a leitura eu já estava imaginando continações da aventura do pequeno Asefe, quem sabe  já criando a suas próprias abelhas. E esta é a idéia dos idealiadores do projeto.

A convite deste blog, Mario Tessari escreveu um texto que publicamos abaixo, comentando sobre a obra

AS AMIGAS MIÚDAS QUE FAZEM MEL SEM FERROAR nasceu de uma ideia fecundada durante a visita que recebi do José Halley Winckler.

Tínhamos – e ainda temos – a consciência de que uma das dificuldades para obter um bom desenvolvimento da Meliponicultura é o pouco conhecimento que a população em geral tem sobre o assunto. Para superar essa barreira, pensamos abrir caminho através das mentes das crianças e dos jovens que ultimamente se mostram preocupados com a triste situação a que está relegado o meio ambiente do nosso planeta.

Compartilhamos esse desejo com mais alguns meliponicultores e firmamos esperança de que seria possível escrever um livro voltado especificamente para o público infanto-juvenil. O Winckler queria foco fixo em uma determinada idade, que estivesse entre os 7 e os 17 anos; eu, mais ousado (e romântico), queria escrever para cada ‘criança’ que habita as pessoas que estão entre 3 e 92 anos de idade.

Casando nossas ideias e pesquisando sobre a linguagem adequada para esse público, fui formando uma lógica de como deveria ser o texto. Daí, escrever foi fácil. A dificuldade é encontrar ilustrador. Eu sou garatujento, apenas. Desenho muito mal. E tinha mais uma exigência: o ilustrador deveria entender, ao menos um pouco, de abelhas-sem-ferrão.

Foi um ano de esperas frustradas, de pesquisas gráficas, de vontades de abandonar o sonho. A capa, então, foi uma luta contra o exibicionismo dos pretensos ‘artistas gráficos’. Finalmente, descontratei o profissional, assumi a tarefa e trabalhei em mais de 100 ensaios, até chegar à imagem que foi impressa sobre a capa.

Assim, depois de um ano de gestação, o pequeno livro está viajando pelo Brasil, para ser apreciado e analisado por meliponicultores e por todos os que lutam por melhores condições de vida neste planeta. Essa edição foi por minha conta: trabalho, dinheiro e riscos. Se valer a pena, poderão ser escritos, formatados, impressos e distribuídos os demais livros do projeto original, que era editar de 5 a 7 deles, seguindo os passos da aprendizagem de Asefe sobre técnicas em meliponicultura.
Estou disponibilizando o texto para quem quiser reimprimir – como está ou com outra capa e com outras ilustrações –, bem como me proponho escrever os textos das etapas seguintes do projeto. Porém, eu ficaria com a responsabilidade de escrever o texto, apenas. As pessoas e as instituições interessadas podem entrar em contato comigo: mariotessari@gmail.com, mariotessari@ymail.com.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Considerações Sobre Desdobramento de Colônias



O grupo Abena (Yahoo Grupos) é uma importante, eu diria até, a mais importante fonte de informações e troca de conhecimentos sobre a meliponicultura. 

Hoje o amigo Jean Locatelli postou um texto que considerei bastante pertinente tratando das divisões e como concordo plenamente tomo a liberdade de reproduzir.

"Benautas",

É comum o pessoal falar:
- "Hoje fiz uma divisão de nativa";

Isso até pode parecer normal e seria, se todos tivessem a consciência de que o fato de transferir material de uma caixa para outra se constitui apenas no primeiro passo para uma divisão racional (forçada);

Pois, na verdade o processo é gradual e crescente, a exemplo do que acontece na natureza, em se tratando de Abelhas Nativas Sem Ferrão;
Ou seja, se inicia o processo com o transporte de material, mas o criador deve continuar provendo o novo enxame com os insumos que ele precisará para se desenvolver eficientemente;

Vejam que o ideal é iniciar com o mínimo de discos de cria para não sobrecarregar as operárias, pois terão de preservar a temperatura das células de cria; também não é bom colocar muito alimento, pois atrairão outras abelhas pilhadoras ou inimigos (formigas, apis, iratim..); nem muita operárias pois nos primeiros dias estarão desorganizadas e isso pode gerar uma guerra interna.

Assim, os materiais devem ser acrescidos conforme o cortiço vai se organizando, ou conforme o meliponicultor percebe a necessidade ou tem a disponibilidade, pois pode não ter o suficiente no inicio mas ir acrescendo conforme vai obtendo junto a outros enxames.
Quanto ao pólen o correto é só fornecer em pequenas porções e quando o novo enxame já tiver rainha, pois ele só serve para alimentação das larvas.

Uma forma eficaz de garantir a as provisões de alimento nos primeiros dias ofertar pouco alimento em alimentadores pequenos, mas após o enxame estar se defendendo, se remove um naco de potes de mel de caixas estabelecidas e se insere no novo cortiço ou transferir uma melgueira de outro enxame, inclusive nesse caso, se houver disponibilidade no inicio do processo, pode ser colocado pois os aromas internos ajudam na organização do novo ninho.

Assim respeitamos o processo natural de formação dos enxames, evitando o que não é raro acontecer de criadores que fazem a divisão e abandonam os enxames, mas após alguns meses dizem: "xiiiiiii.... As beinhas foram imbora!".

Bons Manejos.

Jean
Multiplicador

terça-feira, 13 de março de 2012

Para melhor visualização clique na imagem

terça-feira, 6 de março de 2012

Abelhas Nativas na Polinização de Morangos

 Mirim Plebeia nigrips (mliponario Zuge)

Abelhas nativas do RS aumentam produtividade de plantações de morango: Polinização pela abelha mirim reduz a quantidade de frutos deformados
Estudo integrado por pesquisadores da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) apontou aumento da produtividade no cultivo de morangos com o auxílio da polinização por abelhas nativas do Rio Grande do Sul (RS). A abelha utilizada (Plebeia nigriceps), popularmente conhecida como mirim, não possui ferrão e é originária do estado, ao contrário da abelha comum (Apis mellifera). O estudo foi publicado na edição mais recente da revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB), editada pela Embrapa.
A pesquisadora Sídia Witter, que participou do estudo, comenta que o trabalho é mais um exemplo da importância das abelhas para a agricultura familiar gaúcha. Os morangos foram plantados em estufas no período de agosto a novembro de 2007, na Estação Experimental da Fepagro Saúde Animal, em Eldorado do Sul. Além de Sídia, os pesquisadores da Fepagro Bernadete Radin e Bruno Brito Lisboa também integraram o trabalho, além de Juliane Galaschi Teixeira (USP), Betina Blochtein (PUCRS) e Vera Lúcia Imperatriz-Fonseca (USP).
O aumento da produtividade está relacionado à redução do percentual de frutos deformados, problema provocado pela autopolinização. A polinização cruzada (troca de pólen entre flores diferentes), produzida pela ação das abelhas, diminui a incidência de deformação nos morangos. O Rio Grande do Sul é um dos principais produtores de morango do país. O cultivo ocorre nos municípios do Vale do Rio Caí, Caxias do Sul e Farroupilha e região de Pelotas.
Além deste estudo, Sídia desenvolve uma série de pesquisas envolvendo a polinização por meio de espécies de abelhas nativas do Rio Grande do Sul, como opção ao uso da Apis mellifera. “A maior importância dasabelhas não está na produção do mel, mas sim na polinização”, observa. “Muitas das espécies que estudamos já estão em extinção”.
A pesquisadora da Fepagro integra um projeto financiado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), através do Ministério do Meio Ambiente (MMA), para promover a conservação, a restauração e o uso sustentável da diversidade de polinizadores na agricultura e ecossistemas relacionados.