Técnica produz in vitro abelhas rainhas da espécie jataí
Agência USP de Notícias - - MEIO AMBIENTE - 22/03/2012 - 19:51:59
Na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, um estudo inédito sobre o comportamento das abelhas Tetragonisca angus
Como explica o biólogo Mauro Prato, grande parte dos alimentos do tipo hortifruti que o homem consome vem de plantas polinizadas por abelhas. Assim, a manipulação das colônias pode ter grande influência para a produção de alimentos.
A pesquisa Ocorrência natural de sexuados, produção in vitro de rainhas e multiplicação de colônias em Tetragonisca angustula (Hym
Observando a Tetragonisca angustula em condições naturais, o biólogo constatou que o que determina qual larva vai virar uma abelha rainha  ou uma operária é a quantidade de alimento oferecido a ela. Algumas das  células presentes nos favos são maiores do que as outras, e se uma  célula é maior, vai receber mais alimento. Desta célula, emerge uma  rainha. Nesta observação do processo natural, Prato coletou o alimento  produzido pela própria colônia que seria utilizado para a produção da  rainha, além de larvas em seu período inicial de desenvolvimento. Em  laboratório, reproduziu artificialmente as células reais, com tamanho  exatamente igual às encontradas na natureza, e ofereceu a elas o  alimento retirado da natureza (55 microlitro de alimento para cada  célula, também um número  exatamente igual ao observado). Este processo, que ocorre dentro de uma  estufa, é a produção in vitro de  rainhas. “Fizemos em laboratório o que as operárias fazem dentro da  colônia”, conta. Este processo aumenta o número de rainhas, que, na  natureza é considerado baixo. “Mas não é que seja realmente baixo, é o  suficiente para as abelhas se  multiplicarem. Porém, para o produtor, em grande escala, esse número  não é o suficiente, o que mostra a utilidade deste processo”, acrescenta  o biólogo.
Depois  do nascimento das rainhas, é feita a multiplicação das colônias. O  processo se dá por meio da retirada de material (como favos de cria, abelhas operárias jovens e alimentos) de um dos ninhos de um meliponário (o  local aonde se criam as colônias). Foram formadas várias minicolônias e  em cada uma introduziu-se uma rainha produzida em laboratório para ser  fecundada por um macho. Por causa disso, o pesquisador também fez uma  observação prévia da produção de machos para poder sincronizar a sua  produção com a fecundação das abelhas.  As minicolônias eram levadas para um ambiente externo para a fecundação  com os machos e, ao fim desta etapa, o processo estava completo e a  nova colônia estava formada.
Dificuldades
O processo descrito é um dos primeiros do tipo feito no País, e encontrou algumas dificuldades no começo de sua operação. Etapas como a transferência das larvas do ambiente natural para laboratório apresentaram obstáculos devido à grande mortalidade dessas larvas, que acabavam sendo feridas pelo estilete que conduzia o processo. Na outra transferência, que leva as minicolônias já prontas para o ambiente aberto, também houve muitas baixas. Fora isso, muitas das rainhas que saíram para o vôo nupcial (para serem fecundadas) não retornaram.
O processo descrito é um dos primeiros do tipo feito no País, e encontrou algumas dificuldades no começo de sua operação. Etapas como a transferência das larvas do ambiente natural para laboratório apresentaram obstáculos devido à grande mortalidade dessas larvas, que acabavam sendo feridas pelo estilete que conduzia o processo. Na outra transferência, que leva as minicolônias já prontas para o ambiente aberto, também houve muitas baixas. Fora isso, muitas das rainhas que saíram para o vôo nupcial (para serem fecundadas) não retornaram.
Houve  também rejeição por parte das operárias em algumas rainhas. Pelo fato  destas terem sido produzidas em laboratório, elas não possuíam o cheiro  da colônia, o que fazia com que as operárias não as tratassem como  rainhas, chegando a matá-las. Para contornar este processo, o  pesquisador passou a manter a rainha presa dentro da colônia antes de  liberá-la, para que pudesse se proteger das operárias e pegar o cheiro  do ambiente.
Custo
A ferramenta desenvolvida pelo pesquisador é voltada ao produtor, que pode passar a oferecer muitas colônias para o serviço de polinização de algum cultivo. “A ocorrência de abelhas aumenta a qualidade e a eficiência da polinização, pode render frutos maiores, etc”. O que poderia ser um problema é o custo da técnica, já que ela é experimental. Mas, segundo Prato, isso não é um motivo para preocupação. O pesquisador conta que a técnica em si é muito barata e não exige equipamentos sofisticados (o equipamento mais sofisticado utilizado foi a estufa, para manter as larvas em desenvolvimento), o que a torna acessível inclusive para o pequeno produtor.
A ferramenta desenvolvida pelo pesquisador é voltada ao produtor, que pode passar a oferecer muitas colônias para o serviço de polinização de algum cultivo. “A ocorrência de abelhas aumenta a qualidade e a eficiência da polinização, pode render frutos maiores, etc”. O que poderia ser um problema é o custo da técnica, já que ela é experimental. Mas, segundo Prato, isso não é um motivo para preocupação. O pesquisador conta que a técnica em si é muito barata e não exige equipamentos sofisticados (o equipamento mais sofisticado utilizado foi a estufa, para manter as larvas em desenvolvimento), o que a torna acessível inclusive para o pequeno produtor.
O trabalho do biólogo recebeu o prêmio Prêmio Dow-USP de  Inovação em Sustentabilidade, porque tem sua técnica apoiada nos quatro  pilares da sustentabilidade: ecologia, já que os ninhos podem ser  conseguidos na natureza sem causar impacto negativo na população  selvagem e sem gerar resíduo poluente; sustentabilidade econômica, pela  capacidade de gerar renda e independência econômica ao produtor;  sustentabilidade social, pois pode ser praticada por grupos, como as  cooperativas; e a sustentabilidade cultural, pois as abelhas são nativas, elas “são uma criação que faz parte da história das populações nativas da América do Sul e Central”, completa.
 
 
