terça-feira, 13 de setembro de 2011

Resultados do I Encontro.

O I ENCONTRO DE MELIPONICULTORES DO ESPÍRITO SANTO conseguiu superar
as expectativas dos participantes por ter deixado decisões importantes.O número de particpantes ficou próximo a 30 com meliponicultores em diferentes estágios de conhecimento e Vindos de várias regiões e  municípios.

Conforme estava previsto no programa no encontro, ocorreram ótimos debates, um pouco de teoria e também de prática melipônica. Saímos do encontro com os seguintes encaminhamentos:
- Continuidade das articulações para a fundação da associação;
- Ficou decido também, que, vamos marcar uma reunião com o pessoal de diferentes áreas do IBAMA (SISFAUNA e CTF), para conhecimento do mecanismo necessário para que a autorização da meliponicultura ocorra;
 - O  IBAMA apoiará, na medida de suas possibilidades, ações de meliponicultores em busca de traçar um programa de manejo que possibilite a recuperação da população da uruçu capixaba e a ampliação da sua área de ocorrência.

O meliponario capixaba ficou responsável pela primeira apresentação. Falamos um pouco do caminhar da meliponicultura: meleiros extrativistas, criadores em cortiços, do início dos manejos com as caixas racionais, das diferentes caixa, divisão, e ainda expomos nossa posição com relação a alguns temas relacionados e abrimos a discussão sobre os rumos que desejamos para a nossa meliponicultura.

Jacques Passamani, analista ambiental do IBAMA, fez uma ótima apresentação. Sempre solícito, respondeu a todas perguntas de forma clara e objetiva. vamos a alguns pontos:
1 - Cadastro Técnico Federal (CTF) Todos devem fazer o Cadastro Técnico Federal. Mesmo possuindo uma única colônia. Para os que possuem a guarda de até 50 colônias, esta é a exigência.
O cadastro é o registro do meliponicultor na atividade e ele - meliponicultor - deve sempre observar o estabelecido na Resolução Conama que regulamenta o limite de 50 colonia sem autorização. Podendo efetuar o que a norma prevê, sendo permitido desdobrar as colônias, colocar iscas e inclusive vender com Nota Fiscal (excluindo-se a melipona capixaba). Como a resolução Conama não estabelece critérios para justificar a existencia da colônia, até que este seja implementados, no cadastro não é necessário que se justifique a origem das abelhas. O Cadastro requer que anualmente o meliponicultor apresente relatorios anuais relacionadas a evolução do plantel. Todas as Dúvidas sobre o CTF deverão ser sanadas definitivamente quando da reunião tirada nos encaminhamentos.
2 - Para mais de 50 colméias, já passa a ser necessário solicitar o registro em uma das categorias listadas no artigo I da IN 169/2008 do IBAMA.
3 - Transporte - As colônias podem ser transportadas dentro do estado. Para tanto, se faz necessário solicitar autorização prévia no IBAMA. Não se pode transportar as abelhas para fora de locais onde ocorram naturalmente e, principalmente, não se pode enviar a uruçu capixaba para fora do estado, E neste caso,  a penalidade não é pequena.
4 - Passamani também foi claro ao colocar seu entendimento que não podemos criar espécies que não ocorram no Espírito Santo.

No caso das autorização de um número superior a 50 colonias, o mais próximo das atividades da meliponicultura (excluindo-se a melipona capixaba), parece ser o constante no inciso XII que se refere a Criadouro comercial.
Os presentes ficaram muito satisfeitos quando relatou que gostou de ver o interesse dos meliponicultores em formar uma associação e afirmou que, a organização e o devido cadastro no instituto vai permitir que o IBAMA possa começar a exigir o resgate das colonias existentes nos locais em que for autorizada a derrubada de árvores, antes que seja emitida autorização. Surpresa um tanto de desagradável para os encontristas foi  a informação de que o Cadastro Técnico Federal não autoriza automaticamente a colocação de iscas, e para isto, também é necessário solicitar autorização ao IBAMA.
Jacques Passamani (IBAMA)
Meliponicultores atentos

Ao fim da fala do Jacques, ficou decidido que iremos realizar uma reunião com diferentes setores do IBAMA para que sejam esclarecidas outras dúvidas. Bom momento para que seja iniciado um diálogo que venha  a resultar em um futuro programa de manejo destinado a preservação da melipona capixaba e também tratar de diferentes aspectos da criação de abelhas nativas. A data provável desta reunião e o dia 28 de setembro. Todos devem comparecer. Confirme rapidamente o interesse para que se destine o espaço para a reunião, de acordo com o número de presentes. (sala ou auditório). Para isto, escreva uma mensagem para meliponariocapixaba@gmail.com.

O mineiro Eurico Novy falou sobre as suas novas caixas de concreto aeradado (www.ame-rio.org/2011/03/caixa-novy-concreto-aerado.html ): Como foi o desenvolvimento da caixa desde o princípio até o modelo atual. A caixa agradou bastante e o Eurico ainda apresentou um modelo que projetou especialmente para a uruçu capixaba. Ficou decidido que iremos  tentar fabricar as caixas para os meliponicultores capixabas. A presença do Eurico foi ótima, pois ele gosta de partilhar o conhecimento adquerido em muitos anos de meliponicultura.  Com ele também compareceu o talvez único meliponicultor catalão: Mesmo morando na Espanha, Ramon Molina cria abelhas nativas no Brasil, onde sempre aparece para realizar os seus manejos. A presença do Molina, além de "internacionalizar" o encontro, o enriqueceu de conhecimentos já que ele surpreendeu ao demonstrar o tamanho do conhecimento que possui das plantas e das abelhas do Brasil.
Eurico e a caixa Novy

Com a ajuda do Novy, as caixas serão fabricadas aqui

O primeiro dia terminou com um animado churrasco oferecido pela meliponario anfitrião. Aliás, devo ressaltar que nos receberam muito bem. Realmente o Oiutrem realiza um trabalho maravilhoso.

O segundo dia do encontro foi destinado a prática de manejos. Foi desdobrada uma colônia de mandaçaia, sendo a desdobra comandada pelo Jovane no meliponario da RPPN Oiutrem. Na oportunidade  Jovane contou um pouco da história da RPPN, de seu meliponario e sobre os projetos.
No segundo dia, participantes de diferentes gerações
Jovane multiplicando mandaçaia

Para encerrar com chave de ouro Judismar Barbosa, de Vitória, realizou uma oficina de construção de isca PET para o alojamento de enxameamentos. Mais conhecido como Júlio, demonstrou todo o procedimento desde a separação do material e da preparação do líquido atrativo, até a colocação das iscas nos lugares para receber os enxames. Na oportunidade os presentes puderam montar iscas que foram distribuídas. Julio não deixou de esclarecer alguns pontos importantes:
1 - O líquido atrativo, que deve ser feito com cera e própolis preferencialmente das espécies que se deseja alojar;
2 - O líquido atrativo deve permanecer nas garrafas o tempo bastante para que cheiro fique impregnado;
3 - Ao colocar as iscas nos locais, evitar excesso de sol incidindo diretamente sobre as PETs;
4 - Instalar as iscas de forma ligeiramente inclinada, com a entrada para baixo, evitando a entrada de água;
5 - Para maior atratividade colocar cera na entrada,
6 - De tempos em tempos deve-se fazer uma verificação das iscas, expulsando formigas que eventualmente tenham as adotado como moradia. Na oportunidade o meliponicultor pode levar um pouco mais de cera para renovar, e/ou com um spray, umidecer a entrada, fixando mais cheiro atrativo.
7 - Procurar não retirar as iscas dos locais, antes de decorridos pelo menos dois meses do enxameamento, pois durante este período a nova fámilia ainda está dependendo do enxame-mãe. A retirada do local deve ser sempre à noite.
8 - Ao transportar e transferir, preservar os discos na posição original
Com estes cuidados, são grandes as possibilidades de sucesso, que caso do Júlio ficou em torno de 80%, no último ano.
Judismar mostrando material atrativo
Oficina de confecção Isca PET
Fabricando isca

Encerrado o encontro, ficou para os encontristas um gosto de quero mais, e, principalmente, a certeza de que demos um grande passo para a tão desejada união dos meliponicultores capixabas, e de que para o surgimento da nossa associação - que tal Associação de Meliponicultura do Espirito Santo - AME-ES- ou AMES?), é uma questão de pouco tempo.



   


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tubuna Dupla no Mesmo Oco

Por:  Cleiton José Geuster - SC
Olá!
Vou relatar para vcs, meus amigos  abelheiros, um caso bem interessante:

Ha uns 5 meses, fui chamado no município vizinho (Joaçaba), para retirar um tronco apodrecido, que havia caído no quintal de uma casa.
Me chamou pois tinha abelhas "agressivas" naquele tronco. Cheguei lá, e percebi que era um tronco com duas entradas de uma Scaptotrigona (Tubiba), separadas por pouco mais de 1,3 metros.
Cortei o tronco bem próximo as delimitações do ninho para fazer caber no meu carro. Como os enxames pareciam ser muito fortes, esperei passar o inverno (embora ontem de manhã estava bem branquinho de geada aqui em Luzerna), para transferir o ninho para uma caixa. Minha esperança era de que depois do inverno os estoques de mel estariam bem baixos, possibilitando uma transferência sem muita lambuza de mel.

Bom, hoje, passei a motosserra de comprido no tronco e lasquei ele no meio:
Uma bela surpresa: Cada entrada dava em um ninho independente.
Os dois ninho fortes, com muitos discos largos. Boas reservas ainda de mel e pólen.  Mas o mais interessante: os dois ninhos se comunicavam por várias galerias e tuneis. Pelos vestígios, quando o ninho estava com grandes reservas, estes ficavam até unidos pelos potes de alimento. Mesmo sendo ninhos diferentes, as abelhas eram compartilhadas pelos dois.
Depois de transferidos os ninhos para duas caixas, inverti a posição ninho / entrada.
             Não tirei muitas fotos, pois como os dois enxames eram fortes e eu estava sozinho na transferência, não  deu      muito tempo. Mesmo assim estão ai algumas fotos anexas, e o link de um videozinho mostrando o tronco aberto e as respectivas pilhas de favos de cria.


Abraço a todos!

Cleiton José Geuster - SC